Casa da Flor foi construída por Gabriel Joaquim dos Santos, analfabeto até seus 35 anos, filho de uma índia e um ex escravo, que decidiu entre sonhos e desejos ser o responsável por fazer uma casa de uma arquitetura incomparável. Suas paredes foram construídas em taipa utilizando esteios em madeira roliça, decorada de mosaicos, esculturas e enfeites criados a partir do lixo e de objetos quebrados. De caco em caco nem imaginava construir um patrimônio cultural, tombado em 15/09/2016 com um documento que relata que “a Casa da Flor condensa esse esforço de ordenar a desordem, a fragmentação e as oposições, de acordo com um conhecimento do valor das coisas e não da sua utilidade meramente funcional”.

 
Uma alusão ao nosso cotidiano, onde valores morais e culturais se veem em cacos e literalmente se desfazendo. Em plena era digital, amizades deixam de existir por partidos políticos ou escolhas de times de futebol. Simplesmente as pessoas chegam e vão em nossas redes sociais de forma distante e insensível, isso sem contar em nossas vidas. Será que como Gabriel seremos capazes de um dia, caco a caco refazer nossa história como seres humanos inteligentes que somos? Na época em que tristeza se transformou em depressão, nunca demos tanta atenção para esse sentimento que tanto nos assombra. Talvez seja hora de ordenarmos a desordem, a fragmentação de valores precisa ser condensada e exercitar a aceitação das oposições respeitando as crenças e assumindo nossas responsabilidades. Quem sabe não seja a hora da Casa da Flor fazer sentido em nossas vidas. Pensar que sonho após sonho, um arquiteto formado pela vida construiu sua felicidade única e extremamente valiosa.
Convido aos leitores, a construírem uma Casa da Flor em seus corações. Resgatando as fragmentações de suas vidas. Assumindo as tristezas não como o grande mal, mas como a composição real e necessária que faz parte de um processo, onde não daríamos a real importância à felicidade se não em algum momento tivéssemos sentido a tristeza!
Que de caco em caco, sonho em sonho você construa sua própria Casa da Flor e entre os espaços da tristeza surja momentos de paz, aceitação e plena alegria!
 
Escrito por Melissa Cristina Ponciano