Há algum tempo a inovação disruptiva soa como um mantra para pequenos empreendimentos, startups, e até líderes de grandes organizações estão de olho e querendo encontrar formas de aplicá-la.

No artigo anterior, “Inovar, criar ou inventar?”, citei rapidamente os quatro parâmetros da inovação: radical, incremental, substancial e disruptiva.

Naquele artigo eu alertava que não adianta uma empresa se imaginar ou “se achar” inovadora e disruptiva. É preciso que em quotidiano esteja vigorando uma política de gestão de pessoas robusta e que promova a comunicação efetiva entre líderes e colaboradores e, destes com seu mercado de atuação.

E, neste artigo vamos falar (propositalmente) do último parâmetro, que é a inovação disruptiva, pois, é a que está mais evidência no momento e também, a que mais corre risco de interpretações enviesadas, controversas e equivocadas.

Afinal, que disrupção é essa?

Na década de 1990, o professor da Harvad Business School, Clayton Cristensen, apresentou um conceito de inovação que revolucionou o modo de pensar os negócios.

Na concepção de Cristensen, é possível criar um processo pelo qual uma empresa de menor porte e com menos recursos financeiros seja capaz de desafiar com sucesso as empresas maiores e já estabelecidas.

E, seguia com o seguinte raciocínio: as grandes empresas se concentram em melhorar seus produtos e serviços para seus clientes mais exigentes e lucrativos, atendendo-os com excelência, porém, ao mesmo tempo, ignoram as necessidades de outros segmentos ou consumidores. É onde entra uma outra empresa, atendendo aos segmentos deixados, com melhor funcionalidade e com preços inferiores.

Por não afetar a rentabilidade, no primeiro momento, as empresas continuam atendendo os segmentos mais exigentes, nem se importar ou sem considerar as demais como concorrentes.

No entanto, os fatos mostram para o mercado que o impacto dessa inovação é avassalador, modificando, ou mesmo, criando comportamentos de consumo, em um caminho sem volta.

A razão disso é que grandes corporações, de forma geral, costumam implementar a inovação sustentável, ou seja, fazer uma atualização de serviços ou produtos já existentes para atender seus clientes ou segmento.

O que as leva a deixar completamente sem atendimento, os consumidores que buscam soluções de baixo custo e sem complicações.

Os elementos da inovação disruptiva

A inovação disruptiva possui três elementos básicos, e é realizada por meio de etapas, formando um processo que proporcionará o desenvolvimento e validação das ideias.

São eles:

1. Acessibilidade – Uma ideia/solução precisa alcançar o maior número de pessoas no menor custo possíveis.

2 – Simplificação – Como sentenciou a dramaturga estadunidense Clare Boothe Luce (1903-1987) – e muita gente atribui a frase a Leonardo da Vinci: “A simplicidade é o último grau de sofisticação!”. O projeto precisa ser prático e simples de usar, facilitando acesso e o manuseio.

2. Conveniência – Problemas reais são resolvidos com soluções reais e acessíveis. O usuário quer facilitar a sua vida!

Quem é e quem não é

Por estar tão em evidência o termo “inovação disruptiva” há muita gente falando sobre o assunto.

Mas, o que se percebe é que muitos não leram um único livro sobre o tema, usando o termo em qualquer situação que pareça ser inovadora ou até para justificar projetos e consultorias que desejam fazer ou vender.

Existem aqueles também que acreditam que qualquer empresa de sucesso aplicou a inovação disruptiva. Atribuir disrupção a todos os casos pode gerar um comportamento em gestores e colaboradores que não condizem com a empresa.

O resultado disso é aquele famoso “discurso engajado” que não reflete as atitudes e cultura da empresa.

Algumas empresas mantém um “discurso modernoso” nas redes sociais e palestras, porém, no dia a dia não dão feedbacks, não existe clareza na estratégia, e muitas dessas ainda seguem a cartilha do coronelismo, aquele baseado na obediência pelo medo, ainda batem na tecla do “excesso de confidencialidade”, abrindo margem para insegurança, incertezas, falhas no engajamento e fofocas da “rádio corredor”.

Costumo dizer que “ser uma empresa inovadora vai muito além de ter puffs coloridos na sala, uma mesa de bilhar na área de convivência e empregar uma série de

metodologias com nomes em inglês. É preciso se garantir na base. Do contrário, a empresa ainda é retrógrada”.

E, entre os exemplos dessa inovação temos a Netflix, que entrou no setor de streaming quando as pessoas ainda alugavam DVD na Blockbuster (que foi a falência, em 2010) ou pensavam em TV a cabo. A empresa ofereceu entretenimento mais barato e “à la carte”, onde o espectador escolhe o quer e quando quer assistir.

Também podemos citar o Spotify e o AirBnb. Já o Apple e Uber não se encaixam exatamente nas definições de inovação disruptiva e, aqui, relembramos, não é porque alcançou sucesso que causou disrupção.

Para Rafael Rez, fundador da Web Estratégica e da Nova Escola de Marketing a “Inovação disruptiva é o tipo de coisa da qual é mais fácil falar do que fazer acontecer. Acabamos conhecendo os casos de sucesso, mas as inovações que fracassaram são inúmeras. Para cada AirBNB que deu certo, milhares de inovações foram descontinuadas”.

E alerta: “Não há receita de sucesso para a disrupção. Por mais que os carros da Tesla sejam bons, os sistemas de direção autônomos ainda geram muito medo na sociedade. Parte da inovação é também vencer as resistências culturais!”.

Inovação é um tema desafiador e apaixonante. Para dar um spoiler, no próximo artigo vamos unir inovação e empreendedorismo e refletir um pouco sobre as dores e desejos dos consumidores e como buscar solução para isto.

Texto  escrito por Betto Alves

É jornalista, publicitário, especialista em Marketing Digital. Experiência em gestão e consultoria de projetos de comunicação offline e digital. Atua como professor na Esamc Campinas, nos cursos de graduação e MBA da instituição, nos eixos de negócios, comunicação e audiovisual. Especialista em desenvolvimento de treinamentos presenciais e em plataformas EAD. Ministrou palestras motivacionais para líderes e colaboradores em várias empresas, com foco Gestão de Pessoas, Marketing Digital, Reprogramação de Hábitos, Gerenciamento de Crise, Maximizar Resultados e Otimizar processos, dentre outras práticas pertinentes ao universo corporativo. Produtor de eventos com foco em Marketing e Empreendedorismo e Marketing Social. Atuação em grandes emissoras de TV locais, e nacionais, como Produtor Executivo, Redator, locutor, Repórter e Apresentador; Editor-Chefe e Diretor de Programas Ao Vivo. Concepção de programação para WebTV. No segmento impresso, atuou como repórter e jornalista. É professor do IBDEC desde de 2018, na área de Marketing Digital.

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