Dizer não e ser feliz

Fiz uma experiência: digitei em diferentes mecanismos de buscas a frase “aprenda a dizer não” e, em quase todos eles, em menos de 45 segundos foram oferecidos 72.600.000 resultados em português e 3.450.000.000 em inglês – “learn say no”.

Os títulos dos sites e artigos são os mais variados e sugestivos, como “5 passos para dizer não”, “13 dicas e 9 frases para dizer não”, “Diga não sem culpa” e tantos outros.

Mas, porque é tão difícil dizer não?

No mundo corporativo, acredite, ele pode ser decisivo para o fechamento de um negócio, a realização de um novo projeto, para alcançar metas e até para continuidade de uma carreira.

A importância do não

Uma criança ouve tantas vezes o “não” desde que nasce, que chega a desenvolver a “fase do não” e, esta é uma etapa do processo maturacional do ser humano. Essa fase é muito importante para a formação da personalidade e vai ser determinante na formação do padrão de comportamento e das suas respostas às questões quotidianas.

A capacidade de dizer não está intimamente ligada à autoconfiança. Pessoas com baixa autoconfiança, geralmente, se sentem incomodadas em ter que argumentar sobre a recusa e, muitas vezes, preferem superestimar as necessidades dos outros, em detrimento das suas.

O tema não é novo, tanto que em 1975, os escritores estadunidenses Herbert Fensterheim e Jean Baer, depois de três décadas de estudo, lançaram o livro ” Não diga sim quando quer dizer não” e, em pouco tempo virou best-seller mundial e, no Brasil, desde então, já teve mais de 25 edições.

O mito da produtividade

Convido você a imaginar a situação de M., uma copywriter autônoma, que faz trabalhos para vários clientes, elaborando cartas de vendas persuasivas, com conteúdos e argumentos elogiados e “vencedores”.

Com a retomada da economia, seus clientes mais habituais encomendaram trabalhos e, desta forma ela foi montando sua programação. Porém, essa retomada trouxe novos (e bem-vindos) clientes e, quando M. percebeu, o volume de trabalho havia ultrapassado sua capacidade de produção.

Ela pensou: “Trabalho não se recusa, pense nos boletos e terá motivação!”. Foi o que M. fez. Com os boletos e as novas oportunidades em mente, passou a escrever – o que significa pesquisar, criar, escrever, reescrever, revisar, reescrever até ficar bom – e a semana passou voando!

Mas, ela não podia parar, seus prazos (assim como sua criatividade e resistência física) estavam se esgotando e, com isso, muitas cobranças viriam.

M. foi até o fim, entregou tudo nos prazos. No final dessa maratona, sem vontade para mais nada, percebeu que estava na hora de mudar de atitude, em relação ao seus clientes e à sua própria vida.

Estabelecendo limites saudáveis

Não são só os autônomos ou freelancers que passam por essa carga excessiva de trabalho.

Nas empresas também acontece e é possível identificar alguns comportamentos de colaboradores que comprovam a dificuldade em dizer não.

Encontramos aqueles que querem agradar a todos e a qualquer custo, normalmente os mais novos na empresa ou em início de carreira e outros que não sabem enfrentar pessoas ou situações.

Temos, ainda, uma falsa visão de que a “cultura do brasileiro é de ser prestativo, ajudar sempre os outros”, em alguns casos isso pode ser útil e demonstrar gentileza. No entanto, um colaborador que nunca diz não, compromete seu trabalho, suas prioridades e, nem sempre os resultados são satisfatórios.

Há que encontrar o equilíbrio – sempre ele – entre as horas de trabalho, a necessidade de descanso, de lazer. Ou seja, ter uma vida profissional e também ter uma vida pessoal.

Isso demonstra autoconhecimento e respeito, a si mesmo e aos seus limites, e também, com as pessoas ao seu redor, que entenderão os motivos de uma recusa.

Todos nós temos o direito de decidir o que queremos e, principalmente, o que não queremos fazer. Esse é o alicerce da dignidade. Quando optamos pela sinceridade, pelas nossas escolhas, certamente seremos respeitados como pessoas e profissionais.

E, como costumo dizer: “Cansado você não brilha!”

Texto  escrito por Betto Alves

É jornalista, publicitário, especialista em Marketing Digital. Experiência em gestão e consultoria de projetos de comunicação offline e digital. Atua como professor na Esamc Campinas, nos cursos de graduação e MBA da instituição, nos eixos de negócios, comunicação e audiovisual. Especialista em desenvolvimento de treinamentos presenciais e em plataformas EAD. Ministrou palestras motivacionais para líderes e colaboradores em várias empresas, com foco Gestão de Pessoas, Marketing Digital, Reprogramação de Hábitos, Gerenciamento de Crise, Maximizar Resultados e Otimizar processos, dentre outras práticas pertinentes ao universo corporativo. Produtor de eventos com foco em Marketing e Empreendedorismo e Marketing Social. Atuação em grandes emissoras de TV locais, e nacionais, como Produtor Executivo, Redator, locutor, Repórter e Apresentador; Editor-Chefe e Diretor de Programas Ao Vivo. Concepção de programação para WebTV. No segmento impresso, atuou como repórter e jornalista. É professor do IBDEC desde de 2018, na área de Marketing Digital.

Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Educação Corporativa (IBDEC) é uma escola de cursos livres fundada em 2006 e que já formou mais de 17 mil alunos. Acreditamos que a Educação é a melhor ferramenta para garantir o pleno desenvolvimento dos indivíduos e instituições.

Através de projetos e cursos diferenciados, nossa escola permite ao aluno vivenciar nas aulas aquilo que fará em sua atividade profissional, através de exercícios práticos, dinâmicos e reais. Contamos com material didático próprio elaborado e revisado por profissionais experientes, com sólida formação acadêmica e conhecimento de mercado, proporcionando aos nossos alunos o contato com o que existe de mais atual e real em sua área.